O Brinco do Índio - Por Gustaaf Winters
“As árvores são poemas que a terra escreve sobre o firmamento. Derrubamo-las e transformamo-las em papel para registrar nosso vazio.” Já dizia Khalil Gibran..
Mas, para as árvores que ainda sobrevivem é uma festa, sabendo que a cada segundo somem 24 árvores de florestas no Brasil. Tanto é que algumas se enfeitam de flores, outras se perfumam e outras colocam brincos para ficarem "chics" no dia. O ser humano também se enfeita nas ocasiões especiais. Já notaram né? Adornos sempre fizeram parte de homens e mulheres desde quando o "mar morto ainda era doente". Acharam brincos até em múmias! Vix!
Para alguns povos os penduricalhos mostravam o grau de hierarquia da pessoa. Para outros, uma forma de ser mais "sexy". Por isso, uns furam o beiço, o outro o nariz, a orelha.. furam até onde a barriga muda de nome. Mas os índios tem certeza de que o corpo é a ligação física entre a alma e o mundo exterior.
Eu acho bonito, principalmente os apetrechos artesanais. Neste setor, material e criatividade não faltam. Pros pobres, pedras, sementes, flores. Pros ricos anéis de brilhante, ouro, pérolas e por aí vai. E a moda muda com o tempo, já perceberam? Eu ainda sou da época em que fumar era "chic" e usar brinco era muito feio. Agora usar brinco pode e fumar é muito feio (sem querer fazer apologia ao vício do tabaco!).
Quanta abobrinha! Mas foi só para falar que existe uma árvore conhecida como "brinco de índio". Olha ela aí!
Cojoba arborea plantada no Bloemen Park em Holambra - SP
Meu primeiro contato com o tal brinco foi em março/2011, em Foz do Iguaçu, ocasião em que estava revitalizando algumas avenidas e praças por lá. De imediato descobri que tenho uma ligação física e emocional muito estreita com aquele lugar: as cataratas (a do olho direito incomoda mais).
Como Itaipu fica por lá também, me lembrei do João, um ex-aluno que, na época, já comandava o Horto de Itaipu. Já observaram as matas ciliares de Itaipu? Trabalho de João! João é a única pessoa, além do fotógrafo, que pode caguetar que eu também já usei brinco.
É uma árvore de porte majestoso, copa ampla, aberta, e que fornece boa sombra. As inflorescências surgem na primavera e lembram pequenos pompons, que logo dão lugar aos seus frutos em formato de vagem e deiscentes (se abrem naturalmente expelindo suas sementes), de cor vermelha vivo.
Seus frutos se contrastam em meio as folhas, fazendo jus ao seu nome popular, por se parecerem com brincos pendurados e chamando a atenção.
FICHA TÉCNICA:
- Nome científico: Cojoba arborea. Sin:Pithecolobium filicifolium
- Nome popular: Brinco de Índio
- Origem: América Central, Caribe e Costa Oeste da América do Sul
- Clima: Tropical
- Porte: de 5 a 8 m de altura
- Crescimento: Rápido
- Folhas: Compostas, perenes, bipinadas, opostas
- Flores: Inflorescências solitárias, brancas em forma de "pompom" que aparecem na primavera.
- Frutos: de 13 a 17 cm de comprimento. Vagens vermelhas, deiscentes (se abrem naturalmente para liberar sementes) retorcidas e partidas em dois, abrigando sementes negras de arilo amarelado que aparecem no verão.
- Solo: Embora não muito exigente (pH de 5,5 a 6,5) cresce melhor se bem adubada.
- Clima: Tropical, sol pleno. Sensível a geadas.
- Reprodução: Por sementes. Escarificar para melhorar a germinação.
Uso: Árvores de copa densa, larga e baixa. Para uso como "monumento vegetal" ou como fornecedora de sombra, em meio a parques e praças.
Veja mais imagens abaixo:
Bloemen Park, Holambra - SP
Cojoba arborea "Brinco do Índio e seu fruto. Bloemen Park, Holambra - SP