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27/06/2023

A Árvore Mastro - Por Gustaaf Winters

Elas não andam. Quando estão na sala ou no escritório comigo, elas não falam nada, são caladas! Não gostam de botecos, de churrascadas e nem de pescaria. Baladas? Shows? Nem pensar! Umas “sorriem” de vez em quando. Outras parecem bobas: “sorriem” o ano todo. Tem as que a gente nem vê sorrir. Não enxergam (são cegas, pode?).

Tem aquelas que não saem da água. E tem aquelas que não sabem nadar. Curioso mesmo são aquelas que quase não bebem água.

São gordinhas com água dentro e agressivas por fora. Como tantas outras, ficam no sol direto, sem protetor solar. Já viram? Ao contrário daquelas que preferem morrer se não estiverem numa sombrinha com água fresca.

Algumas, para acompanhar a moda, ficam quietinhas para ficar redondinhas na mão de um “cabeleireiro”. Ah! tem umas que comem bichos: vespa, formiga, aranha, cigarrinhas, barata...éca! Tem aquelas que quando Jesus nasceu, já tinham mais de 2.000 anos - louvado seja!

Nos dão sombra, são enormes, enquanto as outras preferem ser baixinhas, rastejando humildemente ao chão. Muitas nos alimentam (saudavelmente). Várias nos dão remédios (é o caso das plantas de fumo que recebem injeções do DNA do vírus ebola para mostrar que elas também sabem produzir anticorpos humanos). E se tudo isso não bastasse, nos dão o oxigênio: o único responsável pela vida no planeta. Às vezes rezo para ter o poder de desligar o oxigênio desse planeta por apenas 2 minutos, só para ver a reação das pessoas. 

Mas, tem uma coisa que elas possuem que eu acho simplesmente fantástico! Verdade!
Convido você a navegar deliciosamente pela enigmática vida sexual das plantas. São as mais desencanadas sexualmente falando. Adoram mostrar seus órgãos sexuais. E transam na cara dura, em público, sem pudor. Não existe traição. Nada de motel! Umas perfumam seus órgãos sexuais, outras exalam um cheiro nauseabundo. Mesmo estando longe uma da outras, ou seja: mesmo que o macho estiver longe delas, elas dão um jeito de transar. Pras outras, tanto faz: vento, palitinho, cotonete, dedo, inseto, colibri, morcego....o que ela quer mesmo é transar. Crescer e se reproduzir: a ordem superior da Natureza.

Muitas vezes me perguntam: “Gustaaf: o que que eu posso plantar aqui”? “O que combina com o quê?"
Difícil dizer, né?

Mas, como em Paisagismo é necessário seguir certas leis da ciência e também certos princípios que fazem dela uma obra de arte, digo que a prudência recomenda não plantar, no mesmo lugar, plantas de regiões climáticas diferentes. Quer ver uma coisa? Bananeiras com rosas, por exemplo; tuias e ciprestes com palmeiras; cactos com helicônias. Aí estaremos fazendo o que eu chamo de “associação contrastante”. E isso no Brasil é possível. Já vi jardins compostos por plantas de 3 biomas diferentes.

Existem, porém, aquelas que são polivalentes. As Cycas, por exemplo. Vão bem tanto com plantas tropicais, como com coníferas, plantas anuais e por aí vai. O Podocarpus é outro que não xinga ninguém quem está ao lado dela.

...Mas muitas vezes o paisagista quer compor uma espécie de copa colunar com plantas tropicais e mesmo com palmeiras. O que fazer então se uma tuia italiana não combina bem com uma palmeira? Aí é que eu quero chegar!

A ÁRVORE MASTRO
Ela é imponente! Sua majestosa copa colunar é soberba. Começa de baixo e atinge 10 até 15 metros de altura embora possua um tronco curto, visualmente falando. Chama atenção de longe. Suas folhas são perenes, brilhantes, lanceoladas, compridas e de margens onduladas formando uma ramagem densa.

Botânicamente a “árvore mastro” é classificada como Monoon longiflora, pendula (antes Polyalthia longiflora, pendula) e pertence à família das Anonáceas, a mesma da “fruta do conde”, embora a superfície dos frutos seja lisa. É nativa da Índia, não raro, enobrecendo templos budistas.

Frutos da árvore mastro:
Quando ela floresce, quase não dá para perceber. São inflorescências tipo umbela, embora intensa, são compostas de flores de pétalas, levemente perfumadas, esverdeadas formando estrelas. Foto da esquerda!

Flores da árvore mastro:
Outra grande descoberta dessa maravilhosa árvore diz respeito às suas propriedades medicinais. Foto da direita !

Um extrato desengordurado da casca da raiz mostrou ser um excelente remédio contra a pressão alta. Da sua casca extrai-se também um potente antibiótico. 

 

Frutos                                                      Flores


DADOS CIENTIFICOS

  • Nome científico: Monoon longiflora, pendula (antes Polyalthia longiflora, pendula)
  • Nome popular: Árvore mastro.
  • Origem: Índia
  • Porte: De 10 a 15 m de altura e 1,0 m de diâmetro da copa.
  • Crescimento: Rápido. Cresce mais para cima do que para os lados.
  • Folhas: Perenes, pendentes, com 10 a 16 cm de comprimento e 2 cm de largura, onduladas nas bordas.
  • Flores: Inflorescência com cachos axilares, verde pálidos, na primavera.
  • Frutos: Ovóides, tipo ameixa, comestíveis. De 13-18 mm de comprimento por 8-10 mm de largura. Suas sementes são tóxicas, principalmente quando verdes.
  • Solo: Prefere os solos arenosos litorâneos e bem drenados. Pouco exigente em nutrientes.
  • Clima:Tropical e Sub- Tropical
  • Reprodução: Por sementes unicamente.
  • Uso: Por fim, quero deixar aqui uma série de recomendações para a qual a árvore mastro se presta formidavelmente e sem perigo:
  1. Ela é ótima para uso em canteiros centrais estreitos de avenidas.
  2. Dão um sentido de imponência na entrada de cidades. Pode plantá-las a cada 8 a 10 m.
  3. Plantadas a 1,0 m uma das outras servem excelentemente como cortinas vegetais, quebrando os ventos agressivos, protegendo telhados e demais coberturas.
  4. Valorizam a perspectiva se plantadas paralelamente a estradas e entradas de propriedades, formando corredores com duas paredes verdes.
  5. Também servem para esconder as linhas duras de um viaduto por exemplo.
  6. Pode ser consorciada a plantas tropicais.